RM RENATO MACHADO 07/05/2024 20:34
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma medida provisória para autorizar a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) a comprar 1 milhão de toneladas de arroz, que seriam importadas de países da América do Sul.
O ministro Carlos Fávaro (Agricultura) afirmou que o objetivo é evitar a escassez do produto no mercado brasileiro, como consequência das inundações que atingem o Rio Grande do Sul, estado que concentra a produção de arroz. A MP também pretende evitar a especulação do preço da commodity.
Fávaro afirmou que a compra será feita por meio de um leilão internacional. Ele acredita que os vendedores sejam principalmente de países do Mercosul.
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O estado do Rio Grande do Sul responde por cerca de 70% da produção de arroz no Brasil. O Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz) afirmou que 82,9% das lavouras já foram colhidas. Restam em torno de 150 mil hectares.
Segundo o órgão, vinculado ao governo gaúcho, a região central do estado é a que apresenta menor percentual de área colhida, com 62%, restando cerca de 45 mil hectares. Essa é a região mais afetada com as enchentes.
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Fávaro afirma que mesmo assim houve perda de parte da produção que está na roça. Além disso, a parte já colhida encontra-se em armazéns e silos, que acabaram atingidos pelas inundações. O ministro também cita os problemas de logística para retirar a produção do estado.
“Então, uma das medidas que já está sendo preparada é uma medida provisória, autorizando a Conab a fazer compra na ordem de 1 milhão de toneladas [de arroz]”, afirmou o ministro.
Fávaro explica que inicialmente haverá a compra de 200 mil toneladas de arroz, descascado e embalado. Ele afirma que esses produtos não vão concorrer com a produção dos agricultores gaúcho, que foram prejudicados com as chuvas fortes.
A medida provisória vai prever a compra de até 1 milhão de toneladas. No entanto, os leilões serão feitos em blocos, sendo que o primeiro será com as 200 mil toneladas anunciadas pelo ministro. Fávaro não deu prazos para essa compra.
O ministro diz, ainda, que os produtos adquiridos pela Conab serão vendidos “a balcão”. Isso significa que serão vendidos para pessoas físicas que tenham interesse no produto ou pequenas vendas e mercados de periferias, de outras regiões do país.
“Não é concorrer. A Conab não vai importar arroz e vender para para os atacadistas, que são compradores dos produtos do agricultor. Então, o primeiro momento é evitar desabastecimento, evitar especulação”.
Segundo a Conab, a produção nacional de arroz de aproxima do consumo doméstico anual, que está em torno de 10 milhões de toneladas.
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Fávaro aponta que os produtos devem ser comprados de países do Mercosul, como Argentina, Paraguai e Uruguai. Ele afirma ainda não ser possível dimensionar a perda dos agricultores, uma vez que muitas áreas seguem inacessíveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia afirmado, nesta terça-feira (7), que o governo federal poderia ter que importar arroz e feijão para segurar a alta dos preços desses produtos, cuja produção foi afetada pelas inundações no Rio Grande do Sul.
“Agora, com a chuva, eu acho que nós atrasamos de vez a colheita do Rio Grande do Sul. Se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”, afirmou o presidente.
“Eu agora estou com uma briga para baixar o preço do feijão e do arroz. Porque está caro e com essa chuva no Rio Grande do Sul talvez encareça mais. A Bahia precisa plantar arroz, precisamos financiar o plantio de arroz em outros estados porque se tem uma coisa que não pode estar caro é o arroz e feijão”, completou.
Lula concedeu entrevista a um conjunto de sete rádios: Nacional da Amazônia, Nova Brasil (SP), Banda B (PR), Verdinha (CE), Itatiaia (MG), Gaúcha (RS) e Centro América (MT).
O Planalto destacou que era uma edição especial do programa “Bom dia, ministro”, que recebe os titulares do governo para contar as ações de suas pastas. Dessa vez, chamou-se “Bom dia, presidente”.
A maior parte da entrevista do presidente foi dedicada a tratar da tragédia climática no Rio Grande do Sul, que já deixou 90 mortos. O número de mortos pode aumentar, pois 134 pessoas estão desaparecidas.
Lula afirmou que ainda não é possível ter uma ideia dos recursos que serão necessários para recuperar a infraestrutura do estado e as necessidades das famílias. Afirmou que os primeiros recursos emergenciais de seu governo já começam a ser liberados nesta terça-feira (7).
“Então por enquanto estamos naquela fase que o emergencial vai ser liberado a partir de hoje. Vários ministérios já têm autorização para começar a liberar os recursos iniciais para os primeiros socorros e depois a gente vai trabalhar junto com o governador o projeto [de reconstrução]”, afirmou o presidente.
Também participando da entrevista, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que cerca de R$ 1,06 bilhão em emendas serão liberados a partir de sexta-feira (10).
Dívidas
Carlos Fávaro também afirmou que o governo vai atender uma demanda dos agricultores e suspender por 90 dias os débitos do setor, sejam ele de custeio ou de investimentos. O ministro afirma que os produtores já enfrentavam dificuldades por causa da seca dos últimos três anos.
A medida, que se refere aos mais de 300 municípios afetados, será discutida em uma reunião extraordinária do CMN (Comitê Monetário Nacional). O encaminhamento de voto já teria sido indicado para a ministra do Planejamento, Simone Tebet.
O governo tem maioria no órgão, também integrado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.